sexta-feira, 25 de setembro de 2009

HOSPITAL AMADORA-SINTRA

Vou a uma consulta marcada há mais de meio ano.
-A sua consulta foi anulada, o médico foi-se embora. Vou marcar nova consulta para o ano.
-Até lá morro
-Pois...

HOSPITAL AMADORA-SINTRA


os pássaros do jardim do hospital não
cantam apesar do sol que os convida
e não se sente o cheiro da terra húmida
beijada pela água que o jardineiro lhes oferece

a bela mulher passa e os seus olhos são tristes
e ausentes:
que parte do seu corpo estará a ser consumido?

gostaria de perguntar ao melro do jardim
o porquê do silêncio dos pássaros
mas a mulher do guichet diz-me que terei
consulta daqui a um ano

até lá morro digo à indiferente criatura

é por isso que os pássaros não cantam
neste jardim
diz-me o melro sem que eu nada lhe perguntasse

eu que gosto tanto dos seres alados
amaldiçoei o pássaro negro
e procurei a bela mulher dos olhos tristes
mas suas mãos estavam geladas
e a água que regava o jardim

parecia-me o resto das suas lágrimas...


Manuel Monteiro

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

POETA UNIVERSAL- |||

Mário Brochado Coelho, meu querido amigo, do Porto: "A fotografia da capa é maravilhosa.Gostei muito...A tua ligação ao Gabriel encheu-me de inveja.Nestas nossas idades só um neto nos pode dar algum alento.A dedicatória é sublime e o conselho dele vai directo à mouche("O Gabriel avisa-me para ter cuidado/Com os devaneios tardios/Ou ainda vou acabar mal").
Renato Roque,Matosinhos: " Recebi o livro...O Gabriel é um neto cheio de sorte porque tem um avô que lhe escreve livros".
Manuel Luzio, outro querido e antigo amigo: "Manel, vamos tomar um café e trás-me 7 livros; vão ser as minhas ofertas de Natal..."
Paulo Esperança, do Porto (furioso comigo porque não lhe comuniquei que o livro tinha saído):" manda 20 livros que depois faço contas contigo" (Sempre militante pelos amigos, o querido Paulo)
Uma senhora na Feira da Ladra: "Vou levar o seu livro. O seu neto tem um olhar luminoso...".
O José Mário Costa, outro amigo, de Lisboa:"Manda um livro que eu depois deposito os 7,50.euros". Recebe o livro e depois deposita 30,00 euros.
Desculpem a imodéstia, mas se nem isto vos convence da universalidade da minha poesía lamento, mas são pessoas de pouca fé...

Manuel Monteiro