O coração deu o berro.
Estava eu na mesa de operações para introduzir numa artéria do coração um balão e uma anilha (Stent). A operação que deveria durar 1 hora, durou 2. Os médicos, cheios de bondade e profissionalismo, iam conversando comigo, perguntando se estava tudo bem.
Até que, entre eles, comentavam os resultados desportivos. O Sporting tinha perdido em casa com o União de Leiria. Perguntaram-me qual o meu clube: o Sporting, respondo.
-Oh, não desmoralize, disseram temendo a minha desmoralização e que não seria nada benéfica para a operação de que era alvo.
Eu aproveitei para descarregar a minha tristeza sobre o meu querido clube:
-O Sporting é sempre a mesma merda...
Manuel Monteiro
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
HOSPITAL AMADORA-SINTRA
Vou a uma consulta marcada há mais de meio ano.
-A sua consulta foi anulada, o médico foi-se embora. Vou marcar nova consulta para o ano.
-Até lá morro
-Pois...
HOSPITAL AMADORA-SINTRA
os pássaros do jardim do hospital não
cantam apesar do sol que os convida
e não se sente o cheiro da terra húmida
beijada pela água que o jardineiro lhes oferece
a bela mulher passa e os seus olhos são tristes
e ausentes:
que parte do seu corpo estará a ser consumido?
gostaria de perguntar ao melro do jardim
o porquê do silêncio dos pássaros
mas a mulher do guichet diz-me que terei
consulta daqui a um ano
até lá morro digo à indiferente criatura
é por isso que os pássaros não cantam
neste jardim
diz-me o melro sem que eu nada lhe perguntasse
eu que gosto tanto dos seres alados
amaldiçoei o pássaro negro
e procurei a bela mulher dos olhos tristes
mas suas mãos estavam geladas
e a água que regava o jardim
parecia-me o resto das suas lágrimas...
Manuel Monteiro
-A sua consulta foi anulada, o médico foi-se embora. Vou marcar nova consulta para o ano.
-Até lá morro
-Pois...
HOSPITAL AMADORA-SINTRA
os pássaros do jardim do hospital não
cantam apesar do sol que os convida
e não se sente o cheiro da terra húmida
beijada pela água que o jardineiro lhes oferece
a bela mulher passa e os seus olhos são tristes
e ausentes:
que parte do seu corpo estará a ser consumido?
gostaria de perguntar ao melro do jardim
o porquê do silêncio dos pássaros
mas a mulher do guichet diz-me que terei
consulta daqui a um ano
até lá morro digo à indiferente criatura
é por isso que os pássaros não cantam
neste jardim
diz-me o melro sem que eu nada lhe perguntasse
eu que gosto tanto dos seres alados
amaldiçoei o pássaro negro
e procurei a bela mulher dos olhos tristes
mas suas mãos estavam geladas
e a água que regava o jardim
parecia-me o resto das suas lágrimas...
Manuel Monteiro
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
POETA UNIVERSAL- |||
Mário Brochado Coelho, meu querido amigo, do Porto: "A fotografia da capa é maravilhosa.Gostei muito...A tua ligação ao Gabriel encheu-me de inveja.Nestas nossas idades só um neto nos pode dar algum alento.A dedicatória é sublime e o conselho dele vai directo à mouche("O Gabriel avisa-me para ter cuidado/Com os devaneios tardios/Ou ainda vou acabar mal").
Renato Roque,Matosinhos: " Recebi o livro...O Gabriel é um neto cheio de sorte porque tem um avô que lhe escreve livros".
Manuel Luzio, outro querido e antigo amigo: "Manel, vamos tomar um café e trás-me 7 livros; vão ser as minhas ofertas de Natal..."
Paulo Esperança, do Porto (furioso comigo porque não lhe comuniquei que o livro tinha saído):" manda 20 livros que depois faço contas contigo" (Sempre militante pelos amigos, o querido Paulo)
Uma senhora na Feira da Ladra: "Vou levar o seu livro. O seu neto tem um olhar luminoso...".
O José Mário Costa, outro amigo, de Lisboa:"Manda um livro que eu depois deposito os 7,50.euros". Recebe o livro e depois deposita 30,00 euros.
Desculpem a imodéstia, mas se nem isto vos convence da universalidade da minha poesía lamento, mas são pessoas de pouca fé...
Manuel Monteiro
Renato Roque,Matosinhos: " Recebi o livro...O Gabriel é um neto cheio de sorte porque tem um avô que lhe escreve livros".
Manuel Luzio, outro querido e antigo amigo: "Manel, vamos tomar um café e trás-me 7 livros; vão ser as minhas ofertas de Natal..."
Paulo Esperança, do Porto (furioso comigo porque não lhe comuniquei que o livro tinha saído):" manda 20 livros que depois faço contas contigo" (Sempre militante pelos amigos, o querido Paulo)
Uma senhora na Feira da Ladra: "Vou levar o seu livro. O seu neto tem um olhar luminoso...".
O José Mário Costa, outro amigo, de Lisboa:"Manda um livro que eu depois deposito os 7,50.euros". Recebe o livro e depois deposita 30,00 euros.
Desculpem a imodéstia, mas se nem isto vos convence da universalidade da minha poesía lamento, mas são pessoas de pouca fé...
Manuel Monteiro
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
SOU UM POETA UNIVERSAL- ||
Não acreditaram no que escrevi sobre ser um poeta universal, porque ser conhecido no bairro não define universalidade?
Então leiam extractos desta carta que o Luís Neto me escreve de Sanfins do Douro:
"Caro amigo Manuel Monteiro
Aqui vão 10,00 euros para o pagamento do seu belo livro.
Começa logo pela capa que está um primor (só de ver o olhar do menino,ficamos encantados...)
...aqui lhe deixo algumas impressões à primeira vista e sintéticas.
Os títulos: "A voz do rio" - lindo e nostálgico para mim
"Dúvidas"- Inquietação, bom poema.
O "Manifesto a favor do touro" - belo, bem delineado.Peço-lhe para publicar o extracto "Peço aos poetas que não louvem os toureiros/Nem outros ofícios de tortura:/Cravar no sangue um ferro/É um acto de cultura?".
E o Luís vai por aí fora comentando os meus poemas de uma forma que me comove.
Juntamente com a carta, envia-me também dois livros de poemas seus que lerei com todo o interesse e neste blog darei conta desses poemas.
Manuel Monteiro
Então leiam extractos desta carta que o Luís Neto me escreve de Sanfins do Douro:
"Caro amigo Manuel Monteiro
Aqui vão 10,00 euros para o pagamento do seu belo livro.
Começa logo pela capa que está um primor (só de ver o olhar do menino,ficamos encantados...)
...aqui lhe deixo algumas impressões à primeira vista e sintéticas.
Os títulos: "A voz do rio" - lindo e nostálgico para mim
"Dúvidas"- Inquietação, bom poema.
O "Manifesto a favor do touro" - belo, bem delineado.Peço-lhe para publicar o extracto "Peço aos poetas que não louvem os toureiros/Nem outros ofícios de tortura:/Cravar no sangue um ferro/É um acto de cultura?".
E o Luís vai por aí fora comentando os meus poemas de uma forma que me comove.
Juntamente com a carta, envia-me também dois livros de poemas seus que lerei com todo o interesse e neste blog darei conta desses poemas.
Manuel Monteiro
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
SOU UM POETA UNIVERSAL
Acreditem que é verdade. Sinto-me um poeta universal. E isto por uma razão simples: no meu bairro, as pessoas têm comprado o meu livro. A Glória, a minha mulher, vendeu-o ao merceeiro, à senhora do peixe, ao homem do talho, a uma amiga que trabalha nas limpezas e a outras pessoas cujas profissões não sei.
Querem destino mais glorioso para a poesia do que ser entregue a tão insigne gente?
A D. Ana do Quiosque dos jornais, para além de ter comprado um livro,hoje veio ter comigo e disse:
-Tome lá dez euros;vendi dois livros seus...
Ó glória das glórias. Esta honra nem o Camões teve(Coitado:morreu de fome...)
E não tenho razão para me considerar um poeta universal? Quem é amado e conhecido no seu bairro entra no panteão que mais me interessa: o universo do coração das pessoas.
Manuel Monteiro
Querem destino mais glorioso para a poesia do que ser entregue a tão insigne gente?
A D. Ana do Quiosque dos jornais, para além de ter comprado um livro,hoje veio ter comigo e disse:
-Tome lá dez euros;vendi dois livros seus...
Ó glória das glórias. Esta honra nem o Camões teve(Coitado:morreu de fome...)
E não tenho razão para me considerar um poeta universal? Quem é amado e conhecido no seu bairro entra no panteão que mais me interessa: o universo do coração das pessoas.
Manuel Monteiro
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
AUTO ENTREVISTA
Saiu o meu livro de poesia, "IMPERFEITA SABEDORIA".
Como agora já não tenho amigos na comunicação social- morreram os meus grandes amigos Rodrigues da Silva e João Mesquita-, decidi promover-me a mim próprio, com uma auto-entrevista.
P-Porquê publicar poesia, numa altura de tanta miséria?
R-Ó, santa ignorância!,a poesia é para se comer...
P-A poesia vende?
R-Que ideia.
P-Então como publicas?
R-Gosto de arruinar a família (e chatear os amigos: uma esmolinha a favor da cultura...)
P-O teu filho Eduardo disse que este livro é muito pesado e sombrio
R-O Eduardo, devido aos pontapés que tem levado da vida, começa agora a ser um sábio...
P-Mas porquê esse lado mais sombrio na tua poesia?
R-É que antigamente, quando estava deprimido,bebia uns copos e a depressão passava. Agora, devido à hepatite b, não posso beber e tenho que aguentar a neura...
P-O que se passa com a tua contagiante alegria e a tua fé na revolução?
R-Ó, pá, anda tudo muito por baixo
P-E não há nada que te anime?
R-O Gabriel, sempre o Gabriel, esse meu neto por cujos olhos verei o mundo quando já aqui não estiver.
P-Para terminar: o que mais te irrita, actualmente?
R-Que falem mal da classe operária e maltratem os livros
P-A classe operária? Ainda acreditas no seu poder transformador? Não está ela definitivamente perdida para a sua grandiosa missão histórica?
R-O sol, mesmo nos dias que não brilha, não deixa de ser um astro radioso...
P-E os livros: porquê essa preocupação?
R-Lembra-te: agora sou alfarrabista de feira...
P-Obrigado.
R-De nada. Manda sempre.
Manuel Monteiro (o que perguntou e respondeu)
Como agora já não tenho amigos na comunicação social- morreram os meus grandes amigos Rodrigues da Silva e João Mesquita-, decidi promover-me a mim próprio, com uma auto-entrevista.
P-Porquê publicar poesia, numa altura de tanta miséria?
R-Ó, santa ignorância!,a poesia é para se comer...
P-A poesia vende?
R-Que ideia.
P-Então como publicas?
R-Gosto de arruinar a família (e chatear os amigos: uma esmolinha a favor da cultura...)
P-O teu filho Eduardo disse que este livro é muito pesado e sombrio
R-O Eduardo, devido aos pontapés que tem levado da vida, começa agora a ser um sábio...
P-Mas porquê esse lado mais sombrio na tua poesia?
R-É que antigamente, quando estava deprimido,bebia uns copos e a depressão passava. Agora, devido à hepatite b, não posso beber e tenho que aguentar a neura...
P-O que se passa com a tua contagiante alegria e a tua fé na revolução?
R-Ó, pá, anda tudo muito por baixo
P-E não há nada que te anime?
R-O Gabriel, sempre o Gabriel, esse meu neto por cujos olhos verei o mundo quando já aqui não estiver.
P-Para terminar: o que mais te irrita, actualmente?
R-Que falem mal da classe operária e maltratem os livros
P-A classe operária? Ainda acreditas no seu poder transformador? Não está ela definitivamente perdida para a sua grandiosa missão histórica?
R-O sol, mesmo nos dias que não brilha, não deixa de ser um astro radioso...
P-E os livros: porquê essa preocupação?
R-Lembra-te: agora sou alfarrabista de feira...
P-Obrigado.
R-De nada. Manda sempre.
Manuel Monteiro (o que perguntou e respondeu)
quinta-feira, 30 de julho de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
OBRIGADO, PAULO PORTAS
Sou um homem feliz.Recebi uma carta do exército para entregar uns documentos, comprovativos da minha presença na guerra colonial, em Angola.
No fim, o funcionário,atencioso, disse:
-Pronto, está tudo em ordem. Quando for reformado vai receber mais 150,00 euros
-150 euros por mês? perguntei, já sabendo a resposta
-Não. 150 euros por ano...
Em casa fiz contas.150 euros por mês dá 12,50.Por dia dá 0,41. Nem para um cafezinho dá.
Ficarei eternamente grato ao Paulo Portas. Porra, não é todos os dias que um pobre recebe uma esmola assim.
Bem haja
METÁFORA DO SISTEMA CRUEL
nada mais temos que esta angústia humana
ou esta alegria planeada nas bebedeiras de sábado
à sexta jogamos no euromilhões
para quê? sai a merda de um três que
fica na taberna convertido em cervejas e tremoços
(mais bebedeiras)
os corpos gostam de se gastar
no corpo infindável das funcionárias de rua
porque elas conhecem segredos insegredados
e as crianças?
que se aproveita da sua maldade
e do ar fresco que se respira dos seus olhos?
o mesmo fim: serem velhos (e pouco sábios)
criaturas gastas e rancorosas
destruidoras das florestas e da limpidez dos rios
pior: engenheiros de novas bombas e novas guerras
não por serem crianças ou velhos
mas porque cantam metáforas ao sistema cruel
é senil e cruel o sistema cruel
no estertor procura as fecundas planícies
para fertilizar com enxofre e fogo:
novos negócios virão dos novos genocídios programados
se me sair o euromilhões já sei o que fazer:
varrer do mapa o sistema cruel
mas que ninguém saiba do meu plano
que terá que ser clandestino e ardiloso
(e muito mais astuto do que o manhoso Sancho Pança)
porque a saber-se
o gerente da Santa Casa não me pagará o prémio...
Manuel Monteiro
No fim, o funcionário,atencioso, disse:
-Pronto, está tudo em ordem. Quando for reformado vai receber mais 150,00 euros
-150 euros por mês? perguntei, já sabendo a resposta
-Não. 150 euros por ano...
Em casa fiz contas.150 euros por mês dá 12,50.Por dia dá 0,41. Nem para um cafezinho dá.
Ficarei eternamente grato ao Paulo Portas. Porra, não é todos os dias que um pobre recebe uma esmola assim.
Bem haja
METÁFORA DO SISTEMA CRUEL
nada mais temos que esta angústia humana
ou esta alegria planeada nas bebedeiras de sábado
à sexta jogamos no euromilhões
para quê? sai a merda de um três que
fica na taberna convertido em cervejas e tremoços
(mais bebedeiras)
os corpos gostam de se gastar
no corpo infindável das funcionárias de rua
porque elas conhecem segredos insegredados
e as crianças?
que se aproveita da sua maldade
e do ar fresco que se respira dos seus olhos?
o mesmo fim: serem velhos (e pouco sábios)
criaturas gastas e rancorosas
destruidoras das florestas e da limpidez dos rios
pior: engenheiros de novas bombas e novas guerras
não por serem crianças ou velhos
mas porque cantam metáforas ao sistema cruel
é senil e cruel o sistema cruel
no estertor procura as fecundas planícies
para fertilizar com enxofre e fogo:
novos negócios virão dos novos genocídios programados
se me sair o euromilhões já sei o que fazer:
varrer do mapa o sistema cruel
mas que ninguém saiba do meu plano
que terá que ser clandestino e ardiloso
(e muito mais astuto do que o manhoso Sancho Pança)
porque a saber-se
o gerente da Santa Casa não me pagará o prémio...
Manuel Monteiro
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
HIPÓCRATAS, MAS NÃO TANTO...
Ao fim de 445 anos, Galileu Galilei, foi homenageado pela igreja Católica.Sim, foi o mesmo que se livrou da fogueira da Inquisição da mesma igreja católica. Daqui a 445 anos será elevado aos altares...
A hipocrisia destes senhores feudais não tem limites...
Manuel Monteiro
A hipocrisia destes senhores feudais não tem limites...
Manuel Monteiro
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
A DOR DOS HUMILDES
Começa a ser insuportável a dor dos operários despedidos.
Irmãos: somos tantos, porque não tomamos em nossas mãos o destino?
E a mim, que presente me anima? Nem operário posso ser. Aos sessenta anos o capitalismo recusa-me um emprego. Para não morrer à fome vendo livros usados na Feira da Ladra. Eis o futuro radioso que o capitalismo me reservou!... Por isso eu grito pela revolução. Mas ninguém me ouve...
A MEMÓRIA
sobre a dor mansa
das sombras
inclinei a cabeça
e reparei que tudo
se tinha apagado
incluindo a memória
MM
Irmãos: somos tantos, porque não tomamos em nossas mãos o destino?
E a mim, que presente me anima? Nem operário posso ser. Aos sessenta anos o capitalismo recusa-me um emprego. Para não morrer à fome vendo livros usados na Feira da Ladra. Eis o futuro radioso que o capitalismo me reservou!... Por isso eu grito pela revolução. Mas ninguém me ouve...
A MEMÓRIA
sobre a dor mansa
das sombras
inclinei a cabeça
e reparei que tudo
se tinha apagado
incluindo a memória
MM
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
ESTÁ CONSOLIDADA A DEMOCRACIA BURGUESA- OS OPERÁRIOS ESTÃO NA MISÉRIA...
Vi agora na SIC-NOTÍCIAS uma reportagem sobre trabalhadores e patrões. Um patrão do calçado paga 500 euros aos operários,reconhece que é pouco, mas que não pode pagar mais. Entretanto ele recebe 6.000 euros-mês, tem casa com piscina e faz negócios todos os anos de milhões de euros...
O que se temia com o 25 de Abril não se verificou. O país saiu da anarquia, os patrões retomaram o controlo das empresas, os políticos burgueses afastaram toda a corrupção da sociedade. Enfim, o capitalismo impôs a sua regra: os ricos cada vez mais ricos; os pobres cada vez mais pobres.
Assim seja (até que um dia...)
Manuel Monteiro
O que se temia com o 25 de Abril não se verificou. O país saiu da anarquia, os patrões retomaram o controlo das empresas, os políticos burgueses afastaram toda a corrupção da sociedade. Enfim, o capitalismo impôs a sua regra: os ricos cada vez mais ricos; os pobres cada vez mais pobres.
Assim seja (até que um dia...)
Manuel Monteiro
domingo, 25 de janeiro de 2009
OBAMA- QUE BOM SER EXPLORADO POR UM PRETO!...
O mundo está boquiaberto: então não é que a pátria do capitalismo e do imperialismo elegeu um preto para seu presidente?
Dizia-me há dias um velho operário anarquista: para nós, explorados, o que conta não é a cor da pele, mas a política que é aplicada. Para um operário é-lhe indiferente se é explorado por um branco ou por um preto.
Sábias palavras. Já agora, porque não exultam esses paladinos da importância racial com a eleição dos índios Evo Morales e Hugo Chavez, na América Latina?
Manuel Monteiro
Dizia-me há dias um velho operário anarquista: para nós, explorados, o que conta não é a cor da pele, mas a política que é aplicada. Para um operário é-lhe indiferente se é explorado por um branco ou por um preto.
Sábias palavras. Já agora, porque não exultam esses paladinos da importância racial com a eleição dos índios Evo Morales e Hugo Chavez, na América Latina?
Manuel Monteiro
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
NA DESPEDIDA DO RODRIGUES DA SILVA
No funeral do Zé Manel Rodrigues da Silva eu li partes de uma carta que ele me escreveu, em 1986. Aqui a transcrevo.
"Fez há dias dez anos que,ao cimo de uma rua íngreme, te vi direito pela primeira vez:esperavas-me ali para me conduzir, por um túnel escuro, a uma reunião, no qual ia nascer alguma coisa em que ambos acreditávamos muito.Achei então que havia ali algo de simbólico: pela tua mão e atrás dos teus passos eu ia assistir a alguma coisa que poderia mudar este país. Eras operário e um bom par de anos mais novo do que eu, mas eu sentia um certo orgulho em ser guiado por ti.
Depois, haveríamos de verificar que o sítio onde o túnel nos conduziu não levava a local nenhum onde valesse a pena ficar. Mas eu não me importo, não enjeito esse tempo, nem o enjeitarei nunca. O Sartre,que é um dos meus mestres,dizia: há erros inteligentes que valem mais do que verdades repetidas. Para mim foi um erro inteligente:naquele momento acho que era ali o meu local e orgulho-me de lá ter estado.""
"Fez há dias dez anos que,ao cimo de uma rua íngreme, te vi direito pela primeira vez:esperavas-me ali para me conduzir, por um túnel escuro, a uma reunião, no qual ia nascer alguma coisa em que ambos acreditávamos muito.Achei então que havia ali algo de simbólico: pela tua mão e atrás dos teus passos eu ia assistir a alguma coisa que poderia mudar este país. Eras operário e um bom par de anos mais novo do que eu, mas eu sentia um certo orgulho em ser guiado por ti.
Depois, haveríamos de verificar que o sítio onde o túnel nos conduziu não levava a local nenhum onde valesse a pena ficar. Mas eu não me importo, não enjeito esse tempo, nem o enjeitarei nunca. O Sartre,que é um dos meus mestres,dizia: há erros inteligentes que valem mais do que verdades repetidas. Para mim foi um erro inteligente:naquele momento acho que era ali o meu local e orgulho-me de lá ter estado.""
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
O POLICARPO ESPALHOU-SE
Dizem que até é um tipo porreiro. Fuma o seu cigarrito. E agora foi até ao Casino.
Muita gente se admirou. Eu não. A igreja de Roma sempre se deu bem com especuladores e agiotas.
Depois do jantar-e do desfrute do charuto (suponho) e do digestivo velho-, o "príncipe" da igreja botou faladura. E disse dos muçulmanos o que Maomé não disse do toucinho.
Mas tudo bem. Só que Policarpo ganhava em verdade se dissesse que o mal não está apenas na religião muçulmana. O mal está nas religiões instituídas, incluindo a Igreja Católica. Veja-se a história das guerras, dos massacres, do obscurantismo e o papel de vanguarda que neles tiveram as religiões dominantes.
FEROZ QUOTIDIANO
bebe um café comigo
perdoa-me
disse-te ontem que eras a puta das putas
(o benfica tinha perdido)
Manuel Monteiro
Muita gente se admirou. Eu não. A igreja de Roma sempre se deu bem com especuladores e agiotas.
Depois do jantar-e do desfrute do charuto (suponho) e do digestivo velho-, o "príncipe" da igreja botou faladura. E disse dos muçulmanos o que Maomé não disse do toucinho.
Mas tudo bem. Só que Policarpo ganhava em verdade se dissesse que o mal não está apenas na religião muçulmana. O mal está nas religiões instituídas, incluindo a Igreja Católica. Veja-se a história das guerras, dos massacres, do obscurantismo e o papel de vanguarda que neles tiveram as religiões dominantes.
FEROZ QUOTIDIANO
bebe um café comigo
perdoa-me
disse-te ontem que eras a puta das putas
(o benfica tinha perdido)
Manuel Monteiro
domingo, 11 de janeiro de 2009
MORREU UM GRANDE AMIGO
Morreu hoje, de madrugada, o José Manuel Rodrigues da Silva, um grande jornalista, um grande camarada e amigo.
Foi graças a ele que publiquei o meu primeiro livro, "Perder a Esperança,Porquê?-Um operário fala do seu tempo". Livro que tem o prefácio assinado pelo Zé Manel.
Foi um homem coerente até ao fim. Militante revolucionário, foi um activo militante da UDP nos anos quentes do processo revolucionário, nunca traíu os seus ideias de estar sempre ao lado dos explorados, embora fosse grande a sua desilusão com a evolução que a revolução, em Portugal e no mundo, tomou.
Neste dia, de profunda tristeza,só te quero dizer, velho camarada: Adeus e até um dia.
Manuel Monteiro
Foi graças a ele que publiquei o meu primeiro livro, "Perder a Esperança,Porquê?-Um operário fala do seu tempo". Livro que tem o prefácio assinado pelo Zé Manel.
Foi um homem coerente até ao fim. Militante revolucionário, foi um activo militante da UDP nos anos quentes do processo revolucionário, nunca traíu os seus ideias de estar sempre ao lado dos explorados, embora fosse grande a sua desilusão com a evolução que a revolução, em Portugal e no mundo, tomou.
Neste dia, de profunda tristeza,só te quero dizer, velho camarada: Adeus e até um dia.
Manuel Monteiro
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