sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O PROLETARIADO POR ELE PRÓPRIO

Nos Estados Unidos, um grupo de intelectuais brancos,fundou uma associação que estudava a situação dos negros naquele país, numa perspectiva progressista. Muitos desses intelectuais foram perseguidos pelo mecartismo que os rotulou de comunistas.
Numa sessão desta associação, realizada no Canadá, um grupo de activistas negros entrou de rompante na sessão e colocaram uma série de questões:
-Porque motivo a associação, já que trata assuntos dos negros, não é constituída maioritariamente por negros?
-Porque não são pedidos mais trabalhos teóricos aos intelectuais negros para a associação divulgar?
-Etc
Estes acontecimentos fazem-me lembrar a posição dos intelectuais pequeno-burgueses sobre o proletariado, as suas lutas,sua organização, sua história e seus objectivos.
Para estes intelectuais o proletariado é uma espécie de marioneta, sem ideias próprias, sem uma vanguarda pensante.
Depois vão revisionando os conceitos marxistas de proletariado, a pretexto dos novos tempos e das derrotas que o proletariado sofreu a nível mundial, sobretudo o fracasso da grande revolução bolchevique de 1917. Dizem:
-O proletariado está a perder a sua importância numérica a nível mundial
-O conceito de proletariado mudou com a revolução tecnológica
-Aquilo que se chamou de vanguarda da classe operária não passou de uma cambada de burocratas que levaram a revolução ao fracasso
-A organização do proletariado em partido, ou partidos,é uma forma de impedir que os trabalhadores sejam soberanos nas decisões políticas e na dinâmica da luta
-Substituição do conceito de "luta operária","luta do proletariado" por "movimentos sociais"
-Um novo conceito-que ninguém sabe o que seja: não-violência revolucinária
-E por aí fora
Nenhum destes novos sábios e intelectuais de grande gabarito se lembrou ainda de fazer aquilo que o Lenine preconizava: fazer inquérito,ouvir os operários sobre o que pensam disto tudo. Contribuírem para criar condições - através da criação de círculos ou clubes de discussão onde os operários possam expressar as suas opiniões. Isto sem qualquer paternalismo ou subserviência de parte a parte. Agora, só os intelectuais a teorizar e os operários sem terem possibilidades de se expressar, vai sair merda de certeza. É o que está a acontecer.

Manuel Monteiro