que te não abram e façam em ti
toda a experiência da ética e da estética
que te não magoem
e retirem o sentido do horizonte
que te deixem respirar
e beijar as nuvens
que te não levem à universidade
onde os provadores de títulos te marcarão o sangue
que te não mergulhem nos fumos dos congressos
e te não arranquem a alma
ganha os teus braços no perfume dos campos
lá onde a infância ainda se mostra
quero-te puro e indecifrável
arauto dos reinos da glória dos simples
quero-te
como àquela rosa tímida
que se dá e fica intacta
quero-te no silêncio dos corações inviolados
como arma como capa como vinho
assim vestido de linho
terno e tonto
vivo
Manuel Monteiro
Do meu livro de poemas TODAS AS MARGENS
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
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