Eu
Grandiosa e miserável
Catedral
De água e barro –
Combatente contra os deuses
E a eles submisso
Eu
Depositário da arca
E do fogo
Irmão dos miseráveis
Todos
Confesso que da noite
Tudo sei
Porque meus gritos uivantes
Foram ouvidos
E repetidos
Pelas bocas silenciadas
Da história
E quem me aprisionou
Prendeu o universo
Todo
E mostrou a sua feição
Perversa
À nua afeição
Pela tirania
Eu procuro a claridade
A luminosa manhã
Onde o rubro se transforma
Em movimento
Ceara
Argila
Pão do templo
E tu ofereceste-me
O fogo
Declarando que Prometeu
Estava cativo
E que era aos homens que
Competia iluminar o mundo
Mas são só cinzas
Gritei irado ao mensageiro
Sorriu-me de longe
O estranho ser
E disse:
O sopro
As cinzas
O fogo
Os homens
É tudo um só –
Só que é um mistério
E tens que decifra-lo…
Manuel Monteiro
segunda-feira, 6 de junho de 2011
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2 comentários:
Que poema excelente!
Obrigado, Florbela...
MM
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