No funeral do Zé Manel Rodrigues da Silva eu li partes de uma carta que ele me escreveu, em 1986. Aqui a transcrevo.
"Fez há dias dez anos que,ao cimo de uma rua íngreme, te vi direito pela primeira vez:esperavas-me ali para me conduzir, por um túnel escuro, a uma reunião, no qual ia nascer alguma coisa em que ambos acreditávamos muito.Achei então que havia ali algo de simbólico: pela tua mão e atrás dos teus passos eu ia assistir a alguma coisa que poderia mudar este país. Eras operário e um bom par de anos mais novo do que eu, mas eu sentia um certo orgulho em ser guiado por ti.
Depois, haveríamos de verificar que o sítio onde o túnel nos conduziu não levava a local nenhum onde valesse a pena ficar. Mas eu não me importo, não enjeito esse tempo, nem o enjeitarei nunca. O Sartre,que é um dos meus mestres,dizia: há erros inteligentes que valem mais do que verdades repetidas. Para mim foi um erro inteligente:naquele momento acho que era ali o meu local e orgulho-me de lá ter estado.""
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
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1 comentário:
O jornal "25 de Abril do Povo"?
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