quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O ESPIRITO COLECTIVO DAS FORMIGAS

Recentemente, os cientistas descobriram que as formigas, quando se sentem doentes, afastam-se do grupo para morrer sozinhas.
Esses mesmos investigadores chegaram a uma conclusão, depois de experiências laboratorias,que estas formigas doentes se afastam para não contaminarem o grupo.
É sabido que o vírus da constipação tem uma estratégia de contaminação do maior número de pessoas: faz com que as pessoas que já o albergam tossam e espirrem para que ele seja transportado para outros indíviduos.
Sobre as formigas, os parasitas atacam-lhe os movimentos para as impedir de se afastarem do grupo. Só que o espírito colectivo da formiga é mais forte: o instinto leva-as a afastarem-se da família antes que o vírus as consiga paralisar. E assim morrem sozinhas para salvarem a comunidade.
Nos homens acontece o contrário. É a sociedade que afasta os fracos e os doentes, já que o ser humano tem outras defesas para lutar contra os parasitas, sem que seja necessário o sacrifício dos mais débeis.
A propósito disto. Quando eu era um menino camponês, em Trás-os-Montes, a minha avó contava-me uma história:
"Naquele tempo - as histórias da avó começam sempre com " naquele tempo"-, naquele tempo, os velhos em fim de vida eram levados para o monte, com uma manta, para aí acabarem os seus dias sozinhos. Um dia, um filho levou o pai às costas para o seu destino fatal. Quando chegou ao monte o filho desceu o pai das costas e entregou-lhe a manta. O velho virou-se para o filho e disse-lhe:
-Meu filho, leva a manta contigo.
-Porquê, meu pai?
-É que, quando chegares à minha idade e o teu filho aqui te trouxer, vais precisar dela. Porque deves lembrar-te:
Filho és
Pai serás
Conforme fizeres
Assim acharás
O filho colocou de novo o velho pai às costas e levou-o para que vivesse com a família os últimos anos da sua vida.
A partir dali, concluía a avó, nunca mais nenhum filho abandonou o pai e o deixou morrer sozinho.
A avó era uma mulher sábia. Mas era também muito ingénua.
Manuel Monteiro

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