quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

PERANTE A VERDADEIRA TRISTEZA

Recebi hoje uma resposta negativa de uma editora à proposta que lhes fiz de edição de um romance meu.
Fiquei triste e até revoltado. É natural.
Depois, olhei à minha volta, e o que vi?
Crianças africanas a morrer à fome
Operários de cinquenta e sessenta anos a serem despedidos sem hipóteses de retornarem ao mundo do trabalho
Jovens a entregarem a casa ao banco porque não conseguem pagar as brutais mensalidades
Velhos a jantarem um copo de leite e uma bolachita para enganarem o estômago
Os meus filhos a partirem para o estrangeiro porque ficar em Portugal é estarem condenados a um futuro negro
Pessoas nas farmácias a levantarem metade dos medicamentos porque o dinheiro não dá para mais
Gente que ainda há pouco tempo tinha uma vida desafogada caminharem sorrateiramente para as organizações de caridade, tentando fugir da miséria
Perante esta imensa tristeza e indignidade QUE SE FODA O LIVRO E A MINHA PEQUENA TRISTEZA.
(E já agora: que se foda também a calculista editora)

Manuel Monteiro

2 comentários:

Unknown disse...

E como diz muito bem o nosso querido Zé Mário, que se foda o FMI - e mais a corja de acólitos f.d.p. que pululam por aqui e por todo o lado, digo eu.

Abraço grande, Manel

Júlio

Paula Raposo disse...

E tens toda a razão!!