quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A QUEM AMEI


Ah minha terra da infância
Meu rio de águas claras
Minha torre de mouras encantadas

Ah teu corpo tímido
Dando-se ao meu
Como orvalho à madrugada

Meus amigos do pião
Que são agora rostos
Que minhas mãos desconhecem

Minha pequena aldeia de silvedos
E encantamentos
Meu berço e meu caixão

Ah meu amor primeiro
Perdido para sempre
Que esconde seus olhos velhos
Quando passa o ancião que sou

Oh terra oh gente
Deixai-me chorar pelo menino que fui
E pelo moribundo que sou
Deixai-me sentir o vento
O murmurar do rio
E sentar-me à sombra da torre
Que embalou meus passos

Oh minha terra da infância
É um velho que te fala
Que te abraça
Que te oferece seus filhos e netos

Que te abraça oh terra
Com os olhos no passado

Com saudades do futuro





Manuel Monteiro

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